O que eu não gosto
Que tragédia!
São Paulo, 23 de dezembro de 2009    
Sou pacifista, sempre fui. Na minha juventude o lema mundial era “Paz e amor” ou “Façamos amor, não a guerra”. A violência sempre desnorteia-me, fico perplexo, imóvel, acho uma coisa absolutamente incompreensível. Qualquer tipo de violência, do roubo de um celular a um cruel sequestro. É horrível. Nada justifica a violência. É desumano, não se pode ser gentil com quem pratica qualquer ato violento. Tá, tá, sei que vivo no Brasil, país onde criminosos não são presos, mas acho que tenho o direito de indignar-me.
O que aconteceu com o designer Henrique de Carvalho Pereira, 22 anos, na espetacular Livraria Cultura, localizada no Conjunto Nacional, é absolutamente inaceitável, injusto, inumano, cruel e deve ser punido rigorosamente. Henrique frequentava o local nos momentos de folga para ler. Existe algo mais elogiável que isso em um país que vive a dinastia da imbecilidade? Chega o senhor Alessandre Fernando Aleixo, 38 anos, desequilibrado (segundo o jornal O Estado de S. Paulo), já tendo cometido cenas violentas no mesmo local e preso algumas vezes, e desfere uma bordoada com um taco de beisebol na cabeça de Henrique que lia sossegadamente dentro da loja. Se Alessandre tem problemas mentais, que bata com o taco na sua própria cabeça, pôrra.
Sob a minha ótica de leitor e estudante de Direito que fui, acho que a família de Aleixo tem sim responsabilidade, afinal, não foi a primeira vez que Alessandre saiu com seu taco destruindo vitrines e espancando o que lhe passasse pela frente. Creio que juridicamente a família é responsável por não ter tomado atitude alguma. Da Livraria Cultura gostaria de uma nota de esclarecimento. Por que calou-se quando esse tresloucado destruiu uma vitrine e um plasma? Seria por que a família de Aleixo pagou os prejuízos? É uma das livrarias que mais frequento, gostaria de saber se preciso usar capacete a prova de tacos de beisebol para escolher os meus livros a partir de agora. Enquanto escrevo esse texto, 23 de dezembro de 2009, 18h28 segundo o meu computador, minha esposa e sogra estão lá na Livraria Cultura, entre outras coisas, pegando alguns livros que encomendei. Já liguei no celular delas para saber se está tudo bem. O que é isso? Que maluquice é essa?
Quanto à família do Henrique, que situação! Ele terminou o curso de Design na Universidade de São Bernardo, SP. Trabalha em uma agência de publicidade e gosta de livros. Tenho pensado no Henrique esse tempo todo, vibrado (sei lá se isso funciona) para ele, mandado bons pensamentos, fecho os meus olhos e mentalizo: “Você vai superar isso, vai ficar bom e coisa e tal”. Se eu pudesse ajudar mais... Quanto ao senhor Alessandre (seu nome já é um erro ortográfico), não vou praguejar, embora não me falte vontade, que receba o carinho que dedica aos seus semelhantes.
  Voltar