O que eu não gosto
Barak “Karl Marx” Obama, a piada
São Paulo, 20 de abril de 2009    
Os norte-americanos têm uma enorme capacidade de criar monstros, pelo menos em Holywood. Alguns deles são horrendos e amedrontadores, mas terminado o filme no cinema, ou o dvd em casa, tornam-se inertes e não fazem mal a ninguém. Esse não é o caso de Jonathan Krohn, 14 anos, nascido em Duluth, Geórgia, Estados Unidos da América do Norte. Li a reportagem “Neocon mirim surpreende a direita”, publicada no jornal O Estado de S. Paulo, domingo, 29 de março de 2009, e tenho refletido sobre esse texto. Seria Krohn o verdadeiro 666? Como pode um adolescente pensar o que ele pensa? Ser tão babaca a ponto de fazer uma declaração como essa sobre o novo presidente norte-americano: “Obama é o líder americano mais de esquerda do meu tempo”. Pode-se concluir que isso é uma bobagem dita por um adolescente tolo e o caso terminar por aqui. Mas o “garoto prodígio”, como o chamam na cidade onde nasceu, disse para a repórter: “Tenho dez minutos para falar porque tenho de entrar ao vivo em um programa de rádio daqui a pouco, então pode começar a perguntar agora”. O assunto do comentário não foi dito no texto da jornalista brasileira que o entrevistou, Renata Miranda. Mas imagino que ele falou sobre como ser um conservador puro e verdadeiro. O aborrescente gringo escreveu e publicou com recursos próprios o livro “Define Conservatism”. Diz o texto do jornal: “O dinheiro foi economizado pelo garoto ao longo de sua carreira como ator mirim: em 2006, ele foi eleito A Criança Mais Talentosa de Atlanta e já atuou em diversas peças de teatro na cidade”. Não sei o motivo que me fez lembrar do Ferrugem, lembram-se dele? Fez carreira com ator mirim na tevê brasileira até descobrirem que era anão. A fama de Krohn, sempre segundo a reportagem já citada, começou com uma palestra que fez na Conferência de Ação Política Conservadora, (CPAC, sigla em inglês), em Washington. “Jonathan discursou com propriedade sobre o que acredita e foi bastante aplaudido”, disse a diretora da CPAC, Lisa de Pasquale. “É estimulante ver alguém tão jovem entusiasmado com política.” Na minha opinião ou ele é bobo, ou ela, e os que aplaudiram também. Para essa oportunidade o garoto vestiu-se com um terno e gravata, mas deixou o aparelho nos dentes aparecer, talvez para lembrar a platéia que é apenas um garoto chato na puberdade. Outro dado interessante é que o próprio jovem auto-convidou-se para falar no evento. A senhora Pasquale afirma sem titubear: “Tenho certeza que ainda ouviremos falar muito dele.” Sinceramente, não tenho certeza se vai ser bom ouvir falar dele. O “prodígio” tem aulas de Árabe (para falar a mesma língua que os aliados, ele citou o Iraque) e de Latim e citou William F. Buckley, escritor conservador, com um dos seus ídolos. Também não lhe falta arrogância: “Não acho que esteja desperdiçando minha juventude ao trabalhar naquilo que acredito. Conheço muitos adolescentes da minha idade que querem fazer algo para mudar o mundo, mas acham que devem esperar os 18 anos para tomar uma atitude. Eu não preciso esperar a maioridade, estou fazendo a diferença agora.” Mudar o mundo seguindo os preceitos conservadores? George W. Bush, último presidente dos EUA, é do Partido Conservador. O que será que o “prodígio” Krohn pensa sobre o governo dele? E da terra arrasada que ele deixou, não apenas nos Estados Unidos da América do Norte, mas também no resto do mundo? Será que Krohn diria que George W. Bush é o líder americano mais de direita do tempo dele? E da direita burra, mentirosa e gananciosa? Não menosprezo o pensamento de ninguém, assim como não divido o mundo entre os de direita e os de esquerda, até porque isso está completamente ultrapassado. Imagino que existam pessoas inteligentes com todo o tipo de pensamento. Outra pérola do jovem Jonathan: “Sou apenas um líder dentro do movimento”. “…quando crescer” seu maior sonho é continuar fazendo política, mas não como um integrante do governo (pretensão e água benta…), em Washington, e sim como comentarista. “Prefiro rir dos políticos do que ser motivo de piada.” De fato, Krohn não precisará crescer para virar tema de piada. Já é uma, e de mau gosto. Alguns norte-americanos adoram incentivar essas anomalias. Esse é o tipo do jogo perigoso, já vimos aí como começa, mas ninguém sabe como termina. Por essas e outras irresponsabilidades é que formaram aquele louco das bombas, aquela multidão cheia de armas e convivem com adolescentes desvairados que abatem à tiros seus colegas de escola. Quem semeia vento, colhe tempestade, ensina o bom e velho ditado popular. É prudente ficar mais atento ao “prodígio” Krohn do que ao Alien, o oitavo passageiro.
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