Philip Roth conquistou-me como leitor entre os anos 70 ou 80 do século passado, não me lembro bem, quando li “O Complexo de Portnoy”. De lá pra cá tenho acompanhado os lançamentos dos seus livros. Há dois anos mais ou menos ele disse que pararia de escrever. Corri para a magnífica Livraria Cultura, no Conjunto Nacional, e comprei logo três livros dele: “O Animal Agonizante”, “Homem Comum” e “Nêmesis”. E li um após o outro com muito prazer. Falta-me ler muitas outras coisas de sua autoria. No Natal de 2016, qual não é a minha surpresa ao ganhar um livro do Roth que desconhecia, “Complô contra a América”. Pois bem, já li e gostei. Achei estranho ganhar o livro dele, não é nenhum autor muito conhecido por aqui, nem imaginava que alguém soubesse que eu gostava dos seus livros, enfim... Presente é presente, a gente tem que aceitar, e fiquei bem contente com o que recebera. “Publicado em 2004, este romance caminha na contramão da atmosfera realista que cerca a obra de Philip Roth. A ação transcorre no tempo em que o aviador Charles A. Lindbergh foi presidente dos Estados Unidos. Essa época, como se sabe, nunca existiu”, está escrito na contracapa do livro. Ficção misturada com personagens reais, excitante como leitura. Ainda na contracapa outro trecho chamou a minha atenção: “Nos anos 1940 parece não haver melhor lugar no mundo para ser judeu do que nos Estados Unidos. O cenário se torna sombrio quando Franklin D. Roosevelt, ao tentar se reeleger, perde para Lindbergh, um ardoroso defensor da Alemanha nazista, um homem para quem os Estados Unidos deveriam se defender da diluição nas raças estrangeiras.” Isso intrigou-me. Mais: o bordão do fictício presidente Lindbergh era “América em primeiro lugar”, ou “America First”. Talvez você esteja, como eu, exausto de ler, ouvir e ver a falação sobre as sandices do atual presidente norte-americano Donald Trump. Na leitura do livro de Roth fica inevitável comparações. Nem acho isso muito importante. A escrita de Roth é fascinante e o livro deu-me bons temas para reflexão.
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