Mercado
Vendas de origens restingem as altas
São Paulo, 18 de outubro de 2015    
Por Rodrigo Corrêa da Costa (*)

Os principais mercados acionários mundiais ficaram estáveis durante uma semana de poucas novidades com apenas reciclagem de notícias e perspectivas mistas sobre a atuação dos bancos centrais das grandes economias.
O dólar americano manteve a tendência de baixa, mas mesmo assim a maior parte das commodities caiu, empurrando para baixo os três índices mais populares, CRB, BCOM e SPGSI.
Os contratos de arábica e robusta negociaram no meio da semana nos mais altos patamares desde 17 e 21 de agosto último, respectivamente, refletindo um quadro climático incerto para o Brasil. Entretanto os preços não conseguiram se sustentar na sexta-feira, depois dos operadores terem interpretado com uma “mão um pouco mais pesada” a tímida mudança no prognóstico de chuvas para o fim do mês de outubro.
Vale lembrar que as previsões estendidas são analisadas baseadas nos modelos de cada instituto meteorológico, tendo menos precisão e, portanto passíveis de alterações repentinas. Em outras palavras se na segunda-feira os modelos indicarem um volume de precipitações mais modestas as bolsas podem reverter a perdas.
Por outro lado é verdade que as origens não se intimidaram em vender bastante café no terminal, reflexo da movimentação do físico ter sido significativa fazendo, inclusive, com que os diferenciais de reposição barateassem e proporcionando aos torradores e dealers uma janela de cobertura melhor – o que não se via há diversas semanas.
Os estoques europeus no mês de julho, segundo a ECF (sigla em inglês da Federação Européia de Café), totalizavam 11.91 milhões de sacas, 181.67 mil sacas a mais do que em junho, e 320 mil sacas superior ao mesmo mês em 2014. Nos Estados Unidos os estoques do GCA em setembro caíram 6,06 mil sacas, para 6.1 milhões de sacas, ou 73 mil sacas a mais do que estavam nos armazéns há um ano.
As performances das bolsas de café não “estragou” completamente o gráfico, mas é importante que o contrato de dezembro de 2015 da ICE se sustente acima de US$ 125.00 centavos por libra para evitar uma pressão mais forte dos fundos. Isto também por estes participantes já terem diminuído bastante as suas posições vendidas, saindo de 63,362 lotes em 22 de setembro para 40,707 lotes na última terça-feira, dia 13 de outubro.
O câmbio também dever ser seguido de perto, volátil como anda e se comportando ao sabor de rumores de uma potencial demissão do ministro Joaquim Levy, especulação que se acentuou com a diminuição da nota dos títulos brasileiros por outra agência de risco.
O quadro de oferta e consumo mundial de café se mantém relativamente equilibrado, inspirando cuidados, pois não há folga suficiente para perdas de produção. No Brasil, por exemplo, o retorno da chuva tardio já causou alguma perda, mesmo que pequena, do potencial inicial que seria materializado se o tempo não estivesse seco durante outubro. A situação na Zona da Mata e Espírito Santo é a mais delicada, demandando grande zelo daqueles que estão vendidos. Fora isso tem a quebra de qualidade Colombiana, e um receio dos efeitos do El Nino na Ásia.
Como eu já disse neste espaço, os movimentos de altas vão ser interrompidos em alguns momentos, desenhando um intervalo de preços que sem novidades deve ficar entre US$ 120 e 150 centavos por libra peso em Nova Iorque.

(*) Rodrigo Corrêa da Costa escreve semanalmente para a Archer Consulting e autoriza a republicação do texto nesse site.
  Voltar