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Turbulência mundial e café encontrando suporte | |||
São Paulo, 30 de agosto de 2015 | |||
Por Rodrigo Corrêa da Costa (*) As bolsas de ações despencaram no começo da semana em uma onda de pânico que fez evaporar US$ 2.7 trilhões dos valores de ações ao redor do mundo. Rumores de que o governo sino não vai intervir para segurar as bolsas locais deram um tombo de 8.5% no índice de Shanghai e na sequência empurraram tudo que é ativo de risco para baixo. O corte de juros chinês e a diminuição de depósitos compulsórios dos bancos do país inicialmente não ajudaram, mas depois serviram para acalmar os ânimos. Expectativas ajustadas quanto ao timing do FED aumentar os juros, com uma contribuição de um dos participantes do FOMC dizendo que o inicio da normalização dos juros está menos atraente considerando a atual conjuntura, trouxeram investidores de volta fazendo as bolsas fechar em território positivo nos últimos cinco dias. Os principais índices de commodities que bateram em mínimas de 1999, 2002 e 2009, respectivamente o BCOM, o CRB e o SPGSI, também recuperaram, com o petróleo subindo quase 10% na quinta e outros 6.57% na sexta-feira. O café fez novas mínimas, tanto em Nova Iorque como em Londres, com as cotações do arábica recuperando pouco mais de US$ 4.00, ainda que tenha encerrado virtualmente no mesmo patamar de uma semana antes. Um dos maiores comerciantes de café do mundo soltou seu relatório trimestral indicando que a atual safra brasileira deva ser de 48.3 milhões de sacas, ou 3.6 milhões de sacas menor do que tinha estimado anteriormente. A renda mais baixa foi o principal motivo da redução, levando o atual ciclo para um déficit mundial de 3.5 milhões de sacas este ano, segundo a trading. A análise deu suporte aos preços, ainda que o maior participante do mercado mundial de café tenha dito há dez dias que também enxerga um déficit corrente de 2.6 milhões de sacas. No frigir dos ovos são dois anos consecutivos de déficit, segundo as duas fontes, sendo que os estoques mundiais calculados por ambos são suficientes para 15 semanas de consumo – relativamente baixo mas razoáveis considerando que nada dê errado com o potencial de produção do Brasil para 16/17. A movimentação do físico nas origens foi mínima com a queda do terminal, independentemente das moedas dos principais países produtores terem enfraquecido em determinados momentos. Os diferenciais firmam com poucos negócios reportados no FOB, e aos torradores que voltam de férias nas próximas duas semanas o trabalho de comprar café pode ser mais desafiador, ao menos no curto-prazo. O spot oferece algumas opções baratas, não necessariamente para as qualidades mais nobres. A parte o tombo que Londres tomou nos últimos minutos do pregão da sexta-feira, inclusive formando uma figura técnica negativa e talvez refletindo um pouco de temor dos participantes em ficarem comprados no final de semana prolongado (é feriado nesta segunda por lá), o comportamento dos preços não foi totalmente negativo. O arábica na verdade fechou até bem, e o aumento substancial da posição vendida dos fundos em 14,600 lotes deve dar força para vermos Dezembro voltar acima de US$ 130.00 centavos. O mercado vai ficar monitorando “de perto” o andamento das chuvas no Brasil, que sendo normais e regulares nos próximos dois meses devem induzir uma boa florada, então limitando mais ganhos do terminal. Por outro lado precipitações irregulares e esparsas, ou pior a falta delas, fazem do mercado um barril de pólvora já que o quadro de oferta e estoques mundiais é tranquilo, mas não tem espaço para perdas de produção significativas em nenhum dos grandes países produtores. (*) Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting. Republicado com a autorização do autor. |
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