Mercado | |||
Mercado força liquidação de novas vendas | |||
São Paulo, 7 de junho de 2015 | |||
Rodrigo Corrêa da Costa (*) O mercado de trabalho americano surpreendeu com uma criação de postos acima do estimado no mês de maio, provocando uma nova rodada de apostas que um aumento de juros pelo FOMC deve acontecer ainda este ano. O dado divulgado na sexta-feira foi suficiente para reverter uma queda acelerada que o dólar estava sofrendo, voltando a trazer uma volatilidade alta para moedas de economias “ricas”. As bolsas de ações ao redor do planeta encerraram a semana com quedas significativas, mais uma vez em reação a expectativa de “mudança” da política monetária dos Estados Unidos e da oscilação dos mercados de moedas. Os principais índices de commodities responderam de forma similar à firmeza do dólar, cedendo em uma semana, muito embora alguns componentes do CRB como os grãos, café, cacau e níquel tenham subido. Os contratos de arábica e robusta da ICE abriram a semana com um “gap” que não foi preenchido e ajudou a fazer com que uma parte dos especuladores cobrisse suas posições vendidas novas, que foram o impulso inicial do movimento. A diminuição dos contratos em aberto sugere que ainda pode ter um pouco mais de cobertura de “shorts” que eventualmente conseguirá levar Nova Iorque para próximo de US$ 140.00 centavos por libra. Londres subiu ainda mais forte até finalmente encontrar fixação de preço que demonstra prudência de quem precisa se proteger. A maior comercializadora de café do mundo divulgou seu relatório de oferta e demanda mundial, segundo informou a Reuters em seu noticiário, apontando que o ano 15/16 terá um déficit de 3.3 milhões de sacas, um ano depois de uma utilização dos estoques de 6.5 milhões de sacas. Em termos de estoque não parece estar muito diferente de outros agentes importantes, mencionando uma reserva de aproximadamente quatro meses de consumo. A movimentação do físico melhorou em diversas origens, não necessariamente barateando os diferenciais a ponto de encaixar a reposição, mas certamente tirando menos sangue de quem está precisando honrar seus embarques. O clima começa a entrar na pauta de alguns analistas, seja pelo monitoramento da chuva nas zonas que estão colhendo café no Brasil, ou o acompanhamento de frentes frias que possam dar o empurrão que os altistas querem receber depois que acabar o gás da alta com a cobertura dos fundos. O COT (relatório de posicionamento dos traders) tem mostrado os fundos de índice levemente mais comprados há algumas semanas, com um total de um pouco mais de quatro mil lotes adicionados em suas posições das mínimas recentes. Esta “demanda” esperada para acontecer no primeiro mês de 2016, caso os preços se mantenham baixos, tem de ser observada para o próximo re-balanceamento destes agentes. O fechamento da semana ainda encoraja os altistas, muito embora uma continuidade da firmeza do dólar americano pode ser suficiente para jogar um novo balde de água gelada em que está se aventurando a ficar comprado. Os produtores em linha geral, não falo aqui apenas de Brasil, estão atentos com a desvalorização de suas moedas e a apreciação do terminal, de forma que não venham a perder a oportunidade caso o mercado volte a falhar. Um rompimento do patamar de 141.40 do contrato julho do “C” pode acelerar os ganhos, testando o quanto de venda vai aparecer. Londres precisa romper 1745, e então 1800 para afugentar o medo de desencadear forçosas fixações. (*) Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting. Republicado neste espaço com autorização do autor. |
|||
Voltar | |||