Mercado
Mercado consolida sem novidades no fundamento
São Paulo, 29 de março de 2015    
Rodrigo Corrêa da Costa (*)

As principais bolsas de valores cederam durante a semana motivadas pela instabilidade geopolítica no oriente médio e pela ansiedade sobre a Grécia apresentar as medidas que se comprometeu em implementar para não perder o suporte financeiro do Banco Central Europeu.
Indicadores econômicos nos Estados Unidos têm decepcionado um pouco os investidores, muito embora o motivo tenha sido o inverno rigoroso no primeiro trimestre do ano. Na Europa o presidente do BCE declarou que o primeiro mês de compra de títulos soberanos pela entidade atingiu o objetivo programado, mas os investidores ainda se preocupam com o desfecho do acordo com os gregos.
Os índices de commodities mantiveram o tom de recuperação nos últimos cinco dias, tímido entretanto já que os ganhos de 10.60% do suco de laranja e 4.04% do petróleo tiveram como contrapeso as perdas de 5.28% do gás natural, 4.34% do açúcar, 4.20% do trigo, 3.83% do níquel e 3.59% do café em Nova Iorque – dentre os componentes do CRB.
O dólar americano parece ter finalizado a correção técnica que iniciou com a mudança de perspectiva do aumento das taxas de juros dos Estados Unidos e, sendo o caso, tudo indica que deve voltar a firmar.
Os contratos de arábica e de robusta da ICE tiveram performances indefinidas, ora dando a impressão que subiriam para na sequência forçar a liquidação dos operadores que tomam posição no intra-day, e ora fazendo o contrário, indicando uma baixa que foi revertida durante o dia. A atividade se concentrou nos spreads, mais cedo do que o usual e estranhamente mantendo um desconto maior do que víamos até o fim de 2014.
A firmeza do Real, que na terça-feira negociou a 3.0926, não foi suficiente para dar suporte aos preços, até porque não durou muito com a moeda brasileira encerrando a 3.2424 na sexta-feira. A movimentação do físico nas origens destravou quando Nova Iorque trabalhou acima de US$ 140 centavos por libra, não em volume significativo, mas ao menos mostrou ao mercado um nível referencial aonde os produtores demonstram mais interesse em vender.
O pico da entressafra no Brasil deve ajudar os altistas nos próximos dois meses, quando então algum fluxo de safra nova deve começar a aparecer e sazonalmente se tornar um fator que limite ganhos. Desta forma as vendas entre hoje e a safra não devem exercer tanta pressão caso os fundos que estão vendidos resolvam cobrir uma parte de suas posições ou eventualmente resolvam aumentar seus longs (posição comprada). Infelizmente o COT não nos mostra que há interesse dos fundos em fazer compras novas, já que vimos uma redução de 2,578 lotes da posição bruto-comprada no relatório divulgado no fim da semana.
Os estoques de café no Japão aumentaram em 89.817 sacas em janeiro para um total de 3,023,533 sacas. Os certificados do contrato de robusta em Londres também subiram 104 mil sacas, para 2,73 milhões de sacas até o dia 16 de março último. Os certificados do “C” depois de terem caído para 2.24 milhões no começo de março, voltam para os 2.31 milhões que tínhamos ao final de dezembro. Seria mais positivo se estivéssemos vendo uma queda dos inventários no destino, não o contrário – outro argumento dos baixistas.
O mercado está travado e mostrando indefinição técnica. A consolidação por ora não estimula novas posições, mas um mergulho abaixo de 136.00 centavos pode trazer novas mínimas e um fechamento acima de US$ 145.00 centavos deve atrair compras de fundos de sistema.

(*) Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting
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