Mercado
Em boca fechada...
São Paulo, 2 de novembro de 2013    
O que falar sobre o mercado de café? Nada, absolutamente nada. Esmolas governamentais não vão resolver o problema, prorrogar dívidas também não. “O buraco é mais embaixo” não é a expressão correta. Talvez combinasse melhor dizer que “o buraco é do outro lado”.
Na minha cabeça imagino que a única e viável solução passa por pensar o negócio café e começar tudo novamente. O que é esse negócio? O que queremos com ele? Quais os nossos reais objetivos para essa lavoura? É importante para o país?
Aí a coisa já emperra. Será que tem alguém que deseja pensar seriamente nesse assunto? E mais, entre os que dizem representar o setor, há alguém com capacidade para um trabalho desse tamanho e que exige muito conhecimento?
Para começar a conversar, por que bebemos quase 10 milhões de sacas de Robusta\Conillon, que dizem carecer de boa qualidade? Por que não destinamos esse produto para a produção de solúvel?
Por que negociamos o Arábica com deságio em relação à bolsa de Nova York? O Arábica produzido aqui não é tão bom quanto qualquer outro?
Como explicar, além da incompetência nacional, que Alemanha e outros países, agora até a Suíça, sejam grandes exportadores de café com bilhões de dólares agregados e o produtor brasileiro seja submetido a vender seu produto abaixo do custo de produção?
Li recentemente que a Fedecafé, entidade do setor cafeteiro colombiano, pretende abrir cafeterias da marca Juan Valdez aqui no país. Certamente não será para vender o produto brasileiro. Talvez até seja, pagarão baratinho pela matéria-prima e venderão um expresso curto por US$ 2 ou 3 (R$ 4,50 ou 6,70). O que dizer da Nespresso, Starbucks, Mcdonalds e tantas outras?
Por que é permitido incluir nos blends que bebemos cafés com mais de 3 (três) mil defeitos? Na minha ingênua imaginação, qualquer bebida com tanto defeito não é uma bebida, é um defeito só.
Essas são apenas algumas questões que pipocaram na minha cabeça neste sábado de Finados, dia dos mortos. Existem muitas outras coisas incompreensíveis no negócio do café. Sintomático, Finados e eu pensando no mercado de café. Acho que ir à missa é um programa melhor, lembrar dos meus mortos amados.
Por último, porém não menos importante, além do produtor brasileiro, podem informar-me quem mais perde dinheiro com café?
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