Mercado
Volume fraco e começo da temporada de compras
São Paulo, 1 de setembro de 2013    
Por Rodrigo Costa (*)

As principais bolsas acionárias no mundo, para não dizer todas e alguém apontar o erro, cederam nos últimos cinco dias refletindo nervosismo sobre a entrada (oficial?) dos Estados Unidos, e eventualmente outros membros da OTAN, no triste conflito da Síria.
Tudo indica que os americanos devem fazer ataques aéreos em função das acusações das forças do governo Sírio terem usado armas químicas, atingindo crianças inclusive.
O mês de agosto registrou as piores perdas em um mês para o índice do S&P desde maio de 2012, diferente dos índices das commodities que subiram puxados pelos ganhos dos metais e de energia. O petróleo atingiu o maior nível em dois anos com a turbulência no Oriente-Médio.
O café, que perdeu 5.48% no mês que se encerra, fez novas mínimas na sexta-feira em Nova Iorque, embora a perda foi de apenas US$ 0,99 por saca desde o dia 23 de agosto. Londres fechou com queda de US$ 0.48 por saca.
A performance tímida foi reflexo também de volumes negociados bem abaixo da média, em linha com a última semana de férias no hemisfério norte, cujo o feriado na segunda-feira dia 1 de setembro (Labor Day – Dia do Trabalho) marca o fim simbólico do verão, e a volta às aulas.
No mercado físico a atividade foi razoável, com os diferenciais para os cafés “mainstream” barateando no Brasil, e os mais finos se mantendo firmes. O mesmo não acontece para os cafés da Colômbia que mesmo com a greve geral no país perdem força, sinal não muito animador para a bolsa.
O Real brasileiro, ainda volátil, está sendo mantido pelo Banco Central abaixo de 2,40, estratégia que ajuda o COPOM a continuar aumentando os juros para conter a inflação. A recuperação da moeda faz o “C” influenciar ainda mais as cotações locais, e com isto os produtores ficam preocupados com a falta de definição das regras do plano de opções.
Tudo indica que na segunda semana de setembro, quando o encontro da OIC em Belo Horizonte acontecerá, serão divulgadas as datas dos leilões e os critérios que formarão o prêmio – provavelmente financiado.
Torradores tem mostrado interesse em comprar o “flat-price”, com a queda do terminal, e para o robusta a LIFFE é a “origem” mais interessante – pelo menos até que apareça mais café da safra-nova vietnamita, que alguns dizem já estar colhendo.
Com o retorno ao trabalho de quem estava de recesso e a aproximação do outono na Europa e América do Norte, a indústria vai arregaçar as mangas para tapar os buracos dos seus livros de compra, e o “timing” não é nada ruim com os preços do mercado futuros e o “basis” à favor deles.
Mesmo que a ICE caia mais, por enquanto os US$ 110 centavos por libra (para o contrato de Dezembro) deve ficar intacto – ao menos até meu próximo comentário.
Um fechamento convincente acima de US$ 118.80¢ deve provocar uma cobertura parcial dos fundos e dar uma força para os altistas.

(*)Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting
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