Produzir 160 milhões de toneladas de grãos é ridículo para um país com o potencial brasileiro. Os norte-americanos colhem mais do que o dobro disso apenas de milho. Então, não há motivo para ufanismo. Mais: ainda não temos armazéns para guardar essa safra em 2012. Os maias, em 1400, já sabiam que o milho precisava ficar protegido dos insetos e outros bichos. Conheciam e cultivavam mais de 40 variedades do cereal. Na mesma época, século XV, os chineses já tinham construído canais para o transporte hidroviário de suas safras de grãos e faziam isso em enormes chatas. Temos nós no Brasil uma agropecuária moderna? Lendo as linhas acima juro que pairam sobre o meu cérebro algumas dúvidas. Maior exportador de suco de laranja do mundo, tem algum sentido os caminhões que transportam mais essa riqueza do país pagarem muitos milhões de dólares em pedágios para carregar o produto do interior do estado de São Paulo até o porto? Parece-me um pico da ignorância nacional. O que dizer do Proálcool, programa avançado e legitimamente brasileiro criticado, na minha opinião, pelos invejosos. Da cana-de-açúcar aprendemos a aproveitar absolutamente tudo. E os governos manterem uma política de controle de preços da gasolina que interfere, obviamente, no setor de açúcar e álcool. Falar de burrice ofende a raça dos muares. Grande exportador de carnes, proteínas animais, o país deveria ter um sistema de controle de sanidade dos mais eficientes do planeta. Se conseguimos ter um sistema de votação eletrônica mais moderno do mundo, também podemos ser os melhores em outras áreas. O que se vê? Uma catástrofe. Todo mundo sabe que os surtos de febre-aftosa voltam por que não há controle nenhum na região do “Chaco”, creio que na Argentina e Paraguai. Lá vivem índios, menonitas e outras minorias que ainda não chegaram em 2012, não vacinam, enfim, outra vitória da imbecilidade. Têm todo o direito de viver nas suas terras do jeito que quiserem, mas não têm o direito de prejudicar ninguém, prejudicam. Lembro-me de uma palestra que participei na Stanford University com a truculenta Condoleeza Rice. Éramos uns 18 jornalistas do mundo todo (Jacarta, Itália, Brasil, Finlândia, Japão, Austrália, Índia e uns 12 norte-americanos). Quando provocada sobre a situação no Haití, dona Rice disse algo parecido com isso: “The US Army must go there and fix it”, ou seja, o exército norte-americano deve ir lá e consertar. Loucuras da dona Rice. Autoridades do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, que dependem de boas condições para vender suas carnes tanto nos mercados internos, quanto externos, não deveriam dar um basta a essa questão do “Chaco”? Não falo de armas, falo de vacinas contra a febre-aftosa. Tem coisas que precisam efetivamente ser consertadas. Essa é uma delas. Minha constatação é que somos muito atrasados e ignorantes. Tenho em mente muitos outros tópicos, mas fica para outro dia. Hoje é domingo.
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