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É preciso persistir | |||
São Paulo, 8 de março de 2009 | |||
Minha mãe, a dona Nena, contava-me uma história interessante quando via-me desanimado. Era mais ou menos assim: Duas formigas cairam dentro de um tonel de leite. Iriam afogar-se. Uma delas só repetia isso. A outra batia furiosamente as suas patas (será que formiga tem patas?), dizia para a outra fazer o mesmo. Não adianta, insistia, nós vamos morrer afogadas. Mas a outra não parava de bater as suas patas. Depois de algum tempo a que dizia que iria morrer afogada, morreu. A outra de tanto bater as patas transformou o leite em manteiga, conseguiu sair do tonel e sobreviveu. Você acha essa história ingênua, irreal? É claro que é, mas para mim contém um ensinamento. E até hoje quando penso em abandonar tudo, lembro-me das palavras da minha mãe. Talvez você se pergunte o que isso tem a ver com o agronegócio? Tem tudo, e não apenas com o agronegócio. Nós somos imperfeitos, agimos como completos idiotas. Se você pensar um segundo, notará que a evolução tecnológica no planeta é quase inimaginável. O que era o mundo há 20 anos e o que é hoje? A única coisa que não evolui é a mente humana. A internet, por exemplo, é uma invenção absolutamente fantástica. Mas não tem um monte de idiotas que enchem a sua caixa postal de vírus? Devem passar dias e noites tentando inventar uma maneira de invadir seu computador, destruir seus arquivos e outras imbecilidades. É inútil perguntar porque fazem isso, ou o que ganham com isso? Não tem quadrilhas tentando roubá-lo via a rede? A agricultura também evoluiu espetacularmente nas últimas décadas, mas muitas cabeças dos chamados líderes do setor continuam pensando como se fazia há 100 anos. Falo dos ultrapassados bem intencionados. O que dizer dos bandidos que atuam no setor? Quando constato essas coisas que narrei, sinto uma enorme vontade sumir desse mundo cheio de onagros. Enfiar-me no meio do mato e virar agricultor de subsistência, isto é, produzir algumas coisas para não morrer de fome. Sei que não falo para as paredes no programa diário de tevê que apresento, tenho provas constantes disso. Há gente boa e inteligente nesse mundo, minoria, mas há. Os artigos que escrevo, esse site, as palestras que faço, todas essas atividades, não me dão o dinheiro que gostaria, mas proporcionam um enorme prazer. Os comentários que recebo trazem a energia que preciso para continuar, continuar sempre. E quando nada disso me satisfaz, relembro a história que a dona Nena contava-me. |
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