Mercado
O que vem por aí
São Paulo, 21 de dezembro de 2007    
Nessa sexta-feira modorrenta, 21 de dezembro de 2007, extra-oficialmente o último dia útil desse ano, tento imaginar o que poderá ser 2008 para o agronegócio brasileiro. Puro exercício de imaginação, talvez de adivinhação, ou especulação. Leia esse artigo não se esquecendo disso. Por hábito, vício ou apenas por gostar, sempre analiso quase tudo pela ótica do mercado. E o mercado nacional e internacional é absolutamente comprador para os produtos brasileiros. Isso garante que será um bom ano? Pela leitura dos preços das commodities agrícolas me parece que sim, claro, sempre um ou outro produto poderá ter problemas. As cotações do açúcar têm sido uma exceção nessa onda altista, mas não vou entrar em detalhes pois esse produto, a cana-de-açúcar, na língua agronômica, uma gramínea, creio que será a nova energia mundial. Vejamos, açúcar é energia, álcool é energia, o bagaço da cana é energia, essa gramínea é energia total renovável, barata, limpa. A questão, aí toda apreensão é pouca, é ter competência para administrar esse negócio espetacular.
O milho, outra gramínea, está no centro do palco mais iluminado do planeta. Desde que os norte-americanos decidiram produzir etanol a partir desse cereal, as cotações sobem como rojão em festa de São João. O Brasil deverá exportar 10 milhões de toneladas este ano, poderá exportar 30 ou 40 milhões quando tiver safras para fazer isso. Digo e repito, milho é a base da proteína animal. O que engorda os frangos, os suínos, os bovinos e outros bichos com penas ou não que colocamos nos nossos pratos? Outra vez, deveremos usar cueca de aço quando a questão é a inteligência nacional para gerir esse promissor negócio.
Na soja estamos entre os melhores, talvez o melhor, não receio em afirmar que em pouco tempo seremos os maiores exportadores do mundo. Problemas? Claro, os de sempre, impostos e mais impostos. Além de um setor com quatro ou cinco compradores que também dominam o setor de fertilizantes, o produtor é quase um escravo dessas gigantes. A culpa não é delas, caso seja necessário achar algum culpado. Mais uma vez, quem deveria regulamentar esse negócio? Vocês já sabem, não sabem?
Na área de proteínas animais nada a dizer. Quem encara o Brasil na produção de carne bovina, de aves e suína? Só rindo.
Há mais de dois séculos o país é rei na produção e consumo de café. O negócio é bilionário e tem uma avenida infinita para avançar. Apenas um probleminha, como o café já brilhava na época do império, alguns ainda vivem naquela época e sentem-se barões. Títulos de nobreza atualmente valem na Inglaterra, por exemplo. Aqui barão serve apenas para fazer rima com outras palavras que terminam em “ão”. Eliminados esses bolsões do atraso que atravancam o agronegócio café, o céu será de Brigadeiro e voar será mais que um prazer.
Em cada dez copos de suco de laranja consumidos no mundo, oito saem dos pomares brasileiros. Quer mais?
Esse texto está parecendo aquelas propagandas do século passado, por volta de 1970 ou por aí, época do desprezível “ame-o ou deixe-o”. Oh! Universo, livrai-nos desse passado deprimente!!!
Nessa minha viagem de imaginação, adivinhação e especulação, escrevi apenas sobre alguns dos principais produtos, não tenho nenhum receio em afirmar que se há algo para atrapalhar o sucesso do agronegócio, chama-se ignorância, burrice mesmo, ou má fé, safadeza, picaretagem, roubalheira e outras coisas nessa linha. Do contrário, é acelerar, fazer a curva que precede a reta de chegada com o pé embaixo, receber a bandeirada e comemorar. Viajei e gostei.
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