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Índice do dólar ajuda commodities e o real a firmarem | |||
São Paulo, 23 de julho de 2017 | |||
Por Rodrigo Costa (*) As promessas de Donald Trump em aprovar reformas importantes nos primeiros duzentos dias de seu governo não conseguiram ser executadas, mesmo sendo o partido do presidente a maioria nas duas casas do congresso. Em uma nova tentativa de progredir com a reforma do sistema de saúde os dissidentes do Partido Republicano forçaram a matéria a ficar estagnada gerando dúvidas se o novo governo entregará o crescimento econômico que a expectativa no dia seguinte à eleição causou uma reviravolta nas cotações das bolsas. O índice do dólar enfraqueceu ainda mais buscando níveis de junho de 2016 e ajudando o Real brasileiro a ganhar força e negociar a R$ 3.1108, praticamente anulando a performance positiva que o café em Nova Iorque vem acumulando. As commodities, em geral, tem se beneficiado da desvalorização da moeda americana, tendo o índice CRB testado 181.50 pontos, uma recuperação significativa da mínima recente, 161.15, vista no fim de junho. A firmeza do robusta em Londres na sexta-feira puxou o “C” para cima da média-móvel de cem dias encerrando a semana positivamente, mas com a divulgação do relatório de posicionamento dos traders (COT) o contrato de setembro de 2016 precisa segurar acima de US$ 135.10 centavos por libra para evitar uma tomada de lucros. O fluxo de café dosado no Brasil, fruto também de um diferencial de reposição insuficiente para gerar negócios volumosos internacionais, dá espaço para mais ganhos do terminal. A disponibilidade de café em outras origens também não é suficiente para gerar qualquer pressão vendedora que limite o ganho dos futuros, caso os fundos continuem a cobrir seus shorts. Por outro lado, os estoques americanos de café verde aumentaram em 180,422 sacas no mês de junho, segundo a Green Coffee Association, acumulando 7,292 milhões de sacas, o maior inventário no país desde fevereiro de 2004. Espera-se que com embarques menores de Brasil, assim como de Honduras, Colômbia e Vietnã menos café seja acumulado e ao fim de agosto os compradores voltem mais interessados em comprar café. A cobertura de 8,593 lotes da posição bruta vendida dos fundos junto aos 1,724 contratos adicionados ao bruto-comprado em um período de ganhos de US$ 8.00 centavos por libra, entre 11 e 18 de julho, não me parece muito positiva. Tecnicamente a performance dos últimos cinco dias e os gráficos ainda dão esperança para novas altas, mas uma apreciação do dólar pode pesar nos preços, portanto é preciso tomar cuidado. Uma tomada de lucro exagerada, com uma queda abaixo de US$ 128.70 centavos, deve devolver a coragem de fundos a vender, e diante de um quadro fundamentalmente que ainda não atrai a compra de comerciais, que compraram bem há um mês, pode deixar vulnerável o mercado. Quem precisa vender café deve ir aproveitando o momento, ficando de olho no movimento do Real e se o CRB não vai perder força. (*) Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting. E essa análise é reproduzida aqui com autorização do autor. |
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