Chego em casa após mais uma dessas intermináveis chuvas incomuns em junho. Abro o portão e entro com o carro. Lá embaixo no gramado em frente da casa vejo várias saracuras (são lindas), vasculhando-o à procura de insetos que, imagino, saem dos seus esconderijos molhados. Elas se fartam com seus bicos eficientes. Como são ariscas e fogem dos humanos, devem ter seus motivos, fico observando a farra lá do alto. Percebo que não são só elas que estão lanchando, sabiás, pombas brasileiras (não essas nojentas das cidades) e outros pássaros menores divertem-se com a farta alimentação. Essa é uma das alegrias de viver mais próximo da natureza, e a natureza é sábia. Nunca imaginei que fosse tão sábia. Se o dia é ensolarado, sou rodeado pelas mais variadas borboletas. A azul, grande, é a minha predileta. E, quase sempre, ela faz um vôo mostrando a sua beleza quando estou na varanda. É prazeroso. Outro dia imaginei que estivesse faltando comida, quase fui abalrroado por um grande gambá que passou por mim e foi comer os coquinhos caídos no fundo da casa. Bichinho desajeitado, bicolor, lento mas sossegado ali no mato. Eles, os gambás, moram no terreno vizinho e quase não me visitam. Já os serelepes são descarados. Só faltam pedir. Ponho amendoins com casca e, claro, sem sal, em alguns pontos onde os vejo passear. Quando esqueço-me, só falta fazerem manifestações de protesto. Os mais folgados, sem nenhum dúvida, são os jacus. Devoram a minha horta inteira. Não adianta gritar, eles continuam comendo meus brócolis, minhas rúculas, minha alface romana... Mas gosto de tê-los por perto.
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