O que eu gosto
Foram os chineses também. E deixaram rastros para provar
São Paulo, 9 de fevereiro de 2012    
Li vários livros interessantes nos últimos tempos. E, na medida do possível, vou comentá-los. Sem dúvida, o do Oficial Comandante Submarinista reformado da Marinha britânica, Gavin Menzies, “1421 – O ano em que a China descobriu o mundo”, merece algumas reflexões. Tudo começou quando li, por recomendação do Luiz Hafers, “Sobre a China”, escrito por Henry Kissinger, sobre a complexa relação sino-norte-americana. O texto aguçou a minha curiosidade sobre esse misterioso país. O mesmo Hafers falou-me de 1421. A primeira curiosidade é que Menzies nasceu e viveu na China seus primeiros dois anos de vida. Ele defende a tese que os gigantescos navios chineses deram a volta ao mundo no século XV, quase 70 anos antes de qualquer europeu imaginar o que havia do outro lado do oceano. E apresenta dados consistentes para provar a sua tese. Segundo o autor, os navios comandados por eunucos fiéis ao terceiro imperador da dinastia Ming, Zhu Di, estiveram nos dois polos, na Austrália, Nova Zelândia, América do Sul, do Norte, no Caribe, na Índia, no estreito que virou de Magalhães etc, etc... No Peru e no Chile, aí até formando famílias, dados já provados, segundo o autor, por meio de exame de DNA. Até algumas palavras que usamos são praticamente idênticas às que os chineses usam para identificar o mesmo objeto. Isso sem falar de esculturas com caracteres chineses nas mais variadas partes do planeta, de peças de artesanato tipicamente chinês encontradas na Austrália e no Peru, como os trabalhos em laca, por exemplo. Claro que os defensores de Colombo, de Magalhães e do Capitão Cook estão furiosos com o livro do marinheiro inglês. Muita coisa ainda precisa ser provada. E também acho que Menzies exagera um pouco em alguns momentos no seu livro de quase 600 páginas. Nesses raros momentos lembrei-me de outro livro: “Eram os deuses astronautas?”, best-seller quando eu tinha uns vinte e poucos anos. Mas essa ligeira crítica não tira o brilho do gigantesco trabalho do autor. Na orelha do livro informam que Menzies visitou 120 países e mais de 900 museus para montar 1421. Haja fôlego, e dinheiro. Last, but not least, é impressionante saber que, entre muitas outras coisas, os chineses já sabiam e utilizavam em 1400 hidrovias e canais artificiais para carregar cereais (aqui no Brasil ainda não descobriram isso 600 anos depois) e que sua marinha era tão moderna que já fabricava navios com departamentos estanques, isto é, se furasse um e entrasse água, eles isolavam esse compartimento até atracarem em algum porto para consertar o dano e o navio continuava navegando. “1421 – O ano que os chineses descobriram o mundo”, na minha modesta opinião, é fundamental. Eles já sabiam muito, muito mais do que fazer a pólvora, o macarrão, que chupar laranja faz bem à saúde etc, etc, etc...
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