O que eu gosto
Tédio, aeroportos e uma ótima surpresa
São Paulo, 1 de dezembro de 2010    
Apocalypse Now, obra prima de Francis Ford Coppola, é um dos meus filmes prediletos até hoje. Além de um elenco estelar: Marlon Brando, Robert Duvall, Martin Sheen, Laurence Fishburne, Dennis Hopper e Harrison Ford, o roteiro é sensacional. O filme foi indicado em nove categorias ao Oscar em 1979.
Estou eu andando de lá para cá e de cá para lá no aeroporto de Campo Grande esperando a hora passar, o avião chegar e voltar para a minha casa aqui em São Paulo, quando resolvi dar mais uma olhada no que a livraria poderia oferecer-me. Esqueci de tirar o livro que lia da mala e despachei-a. Na primeira investida na livraria só encontrei porcarias do tipo auto-ajuda e outros lixos. Esquecera-me de olhar lá no cantinho aquelas traquitanas giratórias com pocket books, ou melhor, livros de bolso. Foi lá que um autor chamou a minha atenção, Joseph Conrad, de quem já lera Lorde Jim e Nostromo. O livro na estante era “O Coração das Trevas”. Na capa um comentário de Jorge Luis Borges, ícone da literatura argentina e mundial: “O mais intenso de todos os relatos que a imaginação humana jamais concebeu”. E mais: na contracapa a explicação definitiva para mim: “O coração das trevas, publicado em 1902, é um dos seus maiores sucessos como escritor, tendo sido adaptado para o cinema por Francis Ford Coppola, sob o nome Apocalypse Now...” Comprei, é claro. Terminei de lê-lo há duas semanas e fiquei digerindo o conteúdo nesse tempo todo antes de conseguir escrever qualquer coisa a respeito. E não tenho o que dizer. Quem gosta de livros e de ler que tenha a experiência que tive. Lembro-me que li muito lentamente os outros dois livros dele, tanto Lorde Jim quanto Nostromo, isso, claro, há décadas. Devorei quase metade das 148 páginas de “O Coração das Trevas” até desembarcar em São Paulo, viagem com pouco mais de uma hora de duração. Depois, passei a saborear as palavras, situações e cenários descritos por Conrad. Ele nasceu em Berdichev, na Polônia, sob o nome de Józef Teodor Konrad Korzeniowski em 3 de dezembro de 1857. Aprendeu Inglês aos 23 anos e nesse idioma tornou-se um dos autores mais importantes da literatura inglesa. Foi marinheiro durante 16 anos e conheceu a Ásia, a África, a América e a Europa de onde tirou a inspiração para os 17 romances que escreveu. E eu só li três.
Coppola adaptou o livro para contar uma história da Guerra do Vietnã, que tantas cicatrizes deixou no povo norte-americano. No livro o relato é diferente, foi escrito uns 57 anos antes dessa aventura norte-americana no país asiático. Sabe qual dos dois é melhor: o livro ou o filme? Os dois.
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